Coordenação de Nefrologia: Dr. Alexandre Tortoza Bignelli
Você sabe quando pode acontecer a doação de órgãos e tecidos?
É possível em três situações:
01
Quando um paciente evolui para a Morte Encefálica (ou morte cerebral), que é a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro.
O paciente é potencial doador de órgãos e tecidos conforme validação da Central Estadual de Transplantes após análises de exames laboratoriais, clínicos e de imagem. O diagnóstico é estabelecido após a realização do Protocolo de Morte Encefálica por, no mínimo, dois médicos diferentes, consistindo em dois exames clínicos, um teste de apneia e um exame complementar (arteriografia, doppler transcraniano, cintilografia ou eletroencefalograma).
02
Quando um paciente evolui para a morte por Parada Cardiorrespiratória.
O paciente pode ser doador de córneas, com a retirada do globo ocular por equipe especializada após a autorização familiar. Também é necessária validação dos Bancos de Tecidos Humanos através de análises de exames laboratoriais e clínicos.
03
Doação de rins ou parte do fígado com doador vivo.
A doação de rins ou parte do fígado também pode ser feita em vida, para um familiar próximo. Quando esse tipo de doação for para uma pessoa não pertencente à família, é necessária uma autorização judicial.
A doação de órgãos e tecidos é realizada somente mediante autorização da família, por isso, a pessoa deve avisar os familiares da vontade de se tornar doador. Coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado e tecidos, como córneas, pele, ossos, válvulas cardíacas e tendões podem ser doados.
Um único doador pode salvar até oito vidas.
CIHDOTT
É uma equipe de profissionais qualificados para acompanhar o Protocolo de Morte Encefálica, prestar apoio à família e realizar entrevista familiar para possibilitar a doação de órgãos e tecidos aos familiares dos pacientes potenciais doadores. É composta por enfermeiros, médicos, psicólogos e assistentes sociais em atuação 24h por dia.
No Paraná
O Estado conta com uma Central Estadual de Transplantes (CET), responsável pela área administrativa e plantão, localizada em Curitiba, além de quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPO) – Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. Estas unidades trabalham na orientação e capacitação das equipes das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), distribuídas em 67 hospitais do Paraná, inclusive no Hospital Universitário Cajuru há mais de 12 anos.
Ao todo, no estado, são cerca de 700 profissionais envolvidos, entre os quais também estão 23 equipes de transplante de órgãos, 25 centros transplantadores de córneas, quatro bancos de córneas em atividade (Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel), além dos laboratórios clínicos e de histocompatibilidade. (Paraná lidera ranking nacional de doação de órgãos; foram 19 transplantes de coração em 2023 | Secretaria da Saúde (saude.pr.gov.br)).
Perguntas frequentes
MITO. Para se tornar um doador, o paciente deve simplesmente informar seus familiares de primeiro ou segundo grau (pai, filho, irmãos, avós, cônjuges). Eles serão encarregados de assinar a autorização para a doação de órgãos e tecidos.
VERDADE. Um único doador de órgãos e tecidos pode beneficiar pelo menos 10 pessoas que aguardam por um transplante de órgão ou tecido.
MITO. Os órgãos e tecidos doados são retirados por meio de uma intervenção cirúrgica e o corpo recebe todos os cuidados que teria uma pessoa viva. A doação não causa desfiguração e o sepultamento pode ocorrer normalmente.
MITO. O corpo pode ser velado ou cremado normalmente e não requer nenhum tratamento especial, a menos que seja transportado para lugares mais distantes, como outras cidades, estados ou países.
VERDADE. Os órgãos e tecidos que podem ser doados incluem: coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, intestinos, pele (camada superficial), ossos, válvulas cardíacas e córneas.
MITO. O doador ou sua família não incorrem em custos nem obtêm ganho financeiro com a doação de órgãos ou tecidos.
VERDADE. Todas as religiões defendem os princípios de solidariedade e amor ao próximo, que são características essenciais do ato de doar. Mesmo as religiões que se opõem à transfusão de sangue não interferem na decisão de doação de órgãos.
MITO. Todas as pessoas podem ser consideradas potenciais doadores, independentemente da idade ou do histórico médico. Uma avaliação com base em exames clínicos, de imagem e laboratoriais é realizada no paciente falecido para determinar a viabilidade do transplante e quais órgãos e tecidos podem ser doados.
MITO. Todos os cidadãos brasileiros, independentemente de sua classe social ou condições financeiras, são escolhidos com base na compatibilidade com o doador. A decisão sobre quem receberá o órgão é guiada por critérios previamente estabelecidos, como o tempo de espera e a urgência do caso. Todas essas informações são processadas por um programa de computador seguro que previne possíveis fraudes.
MITO. O órgão não carrega consigo qualquer característica estética ou emocional do doador. A pessoa que recebe um órgão experimenta apenas uma melhoria em sua qualidade de vida devido o transplante.
MITO. A morte encefálica é irreversível e requer a confirmação de, pelo menos, dois médicos distintos, conforme as diretrizes do Conselho Federal de Medicina. Essa confirmação tem como objetivo verificar a ausência de reflexos do tronco encefálico (cérebro) por meio de dois exames clínicos, um teste de apneia e um teste gráfico. Somente após essa confirmação é que o paciente falecido pode se tornar doador de órgãos e tecidos.
MITO. O estado de saúde do doador é o que determina a viabilidade do órgão para transplante. No entanto, para alguns órgãos e tecidos específicos há uma limitação de idade para doação, conforme estudos já realizados de sobrevida média pós transplante.
VERDADE. As centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde controlam todo o processo, desde a retirada dos órgãos até a indicação do receptor. Assim, as centrais de transplantes controlam o destino de todos os órgãos doados e retirados.
MITO. O coma e a morte encefálica são duas condições claramente distintas e prontamente reconhecidas pelas equipes médicas. Para declarar a morte encefálica, é essencial seguir vários critérios e comprovar a inatividade do encéfalo por meio de exames. A avaliação é conduzida por, no mínimo, dois médicos diferentes, com um intervalo mínimo de uma hora entre as avaliações. A morte encefálica difere do coma, pois neste último caso observa-se atividade cerebral.
MITO. Conforme estabelecido pela Lei nº. 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, é proibida a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de indivíduos não identificados.